GOTA D’ÁGUA {PRETA}

DIREÇÃO: Jé Oliveira

SÃO PAULO/SP, 2019| 230min | Classificação indicativa: 12 anos

Gota D'agua ©Evandro Macedo
©Evandro Macedo

11/3, às 18h

LOCAL: Teatro do Sesi SP

*As reservas pelo site são garantidas até 15 minutos antes do início do espetáculo. Serão liberados até 2 ingressos por pessoa.
Gratuito*
PENSAMENTO EM PROCESSO
DIÁLOGO ENTRE MILO RAU E WAGNER SCHWARTZ

Sinopse

A adaptação de Gota d’Água, musical de Chico Buarque e Paulo Pontes, ressalta as questões raciais embutidas na obra de 1975, que transfere a tragédia de Medeia para o subúrbio do Rio de Janeiro. Se o original discute as implicações sociopolíticas do regime militar brasileiro, então vigente, a releitura do diretor Jé Oliveira enegrece e atualiza a obra: traz um elenco majoritariamente negro, evidenciando o contexto social e racial dos personagens (pobres, moradores de um conjunto habitacional), além de salientar alguns aspectos de religiões de matriz africana e a musicalidade negra – com instrumentos de percussão africana e elementos do hip-hop. Joana, a versão brasileira de Medeia, é uma mulher de meia-idade que se vê abandonada pelo marido, o jovem sambista Jasão, e prestes a ser despejada do apartamento em que vive com os dois filhos. Com a metáfora de uma traição conjugal, o espetáculo realça a discussão racial, social e de classes com base no atual momento político do país.

HistóricoUm dos fundadores do Coletivo Negro, grupo que se debruça sobre questões raciais desde 2008, Jé Oliveira é ator, diretor e dramaturgo, formado pela Escola Livre de Teatro de Santo André, onde também deu aulas de dramaturgia. É autor das peças Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens, {ENTRE}, Azar do Valdemar, Nóis, Taiô e Movimento Número 1: O Silêncio de Depois… Além do Coletivo Negro, contribuiu artisticamente com diversos grupos da cena brasileira. Com Gota d’Água {Preta}, foi vencedor do Prêmio APCA de Melhor Direção em 2019.

CRÍTICAS

Se a pergunta central de Gota d’Água investiga as possibilidades de resistência e de reação de Joana (vivida agora pela cantora Juçara Marçal) face ao esmagador poderio econômico dos opressores, a resposta oferecida por Gota d’Água {Preta} é inequívoca e se inscreve materialmente na própria forma do espetáculo: trata-se de reparar os negros que foram por tanto tempo silenciados e invisibilizados (também nos palcos).

PATRICK PESSOA, O Globo

O diretor Jé de Oliveira imprime à montagem a adjetivação racial imposta pela palavra, tornando, assim, o musical numa espécie de grito dos negros e pobres – “tratados como negros” – subjugados pela classe dominante forjada, em sua grande maioria, por brancos – “ou quase todos brancos” –  e financeiramente abastados. Esbanjando talento, a encenação faz um retrato nu e cru de um problema social que, mais de 40 anos depois que foi escrita a peça, ainda não foi superado.

MICHEL FERNANDES, Aplauso Brasil

Não vemos apenas personagens negras, mas outro pensamento sobre a trama e o teatro. Os corpos ali não são só objeto de uma narrativa popular. Eles integram uma estética que amplia o horizonte crítico da peça. Diria Edy Rock, nesta bela referência teatral: “Eu era a carne/ agora sou a própria navalha”.

PAULO BIO DE TOLEDO, Folha de S.Paulo

Ficha Técnica

DRAMATURGIA: Chico Buarque e Paulo Pontes
DIREÇÃO-GERAL, CONCEPÇÃO E IDEALIZAÇÃO: Jé Oliveira
ELENCO: Aysha Nascimento, Dani Nega, Ícaro Rodrigues, Jé Oliveira, Juçara Marçal, Marina Esteves, Mateus Sousa, Rodrigo Mercadante e Salloma Salomão
BANDA: DJ Tano (pickups e bases ), Fernando Alabê (percussão), Gabriel Longhitano (guitarra, violão e cavaco) e Suka Figueiredo (sax)
ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: e Figurino Éder Lopes
DIREÇÃO MUSICAL: Jé Oliveira e William Guedes
PREPARAÇÃO VOCAL: William Guedes
CONCEPÇÃO MUSICAL E SELEÇÃO DE CITAÇÕES: Jé Oliveira
CENÁRIO: Julio Dojcsar
MONTADOR DE CENÁRIO: Jé Oliveira
ARTISTA GRÁFICO: Murilo Thaveira
LIGHT DESIGN: Camilo Bonfanti
OPERAÇÃO DE LUZ: Camilo Bonfanti e Lucas Gonçalves
TÉCNICO DE SOM E OPERAÇÃO: Alex Oliveira
ASSESSORIA DE IMPRENSA: Elcio Silva
COORDENAÇÃO DE ESTUDOS TEÓRICOS: Juçara Marçal, Jé Oliveira, Salloma Salomão e Walter Garcia
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Janaína Grasso
PRODUÇÃO GERAL: Jé Oliveira
FOTOS: Evandro Macedo e Tide Gugliano
VÍDEO E EDIÇÃO: Marília Lino
REALIZAÇÃO: Itaú Cultural
PRODUÇÃO: Gira pro Sol Produções

ENTREVISTA
Críticas