FORTALEZA 2040

CONCEPÇÃO: Andréia Pires

FORTALEZA/CE, 2019 | 50min | Classificação indicativa: 16  anos

Fortaleza 20 40 ©Renato Mangolin
©Renato Mangolin
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Entrevista pública com Andréia Pires
Oficina: Investigações para a Selvageria do Corpo
Pra Frente o Pior

SinopsePartindo de estudos sobre a Constituição da República Federativa do Brasil, o espetáculo é fruto da pesquisa Constituição Coreográfica Criminosa. A proposta é pensar de que modo o crime pode ser percebido como prática política discursiva, assegurado por certos regimes de controle, e como o corpo, na produção de coreografia, intervém nessa construção. A obra compreende que a questão do crime emerge de uma estrutura de poder e convivência de um determinado grupo de pessoas, de uma matéria que não é metafísica nem antropológica, mas histórica e civilizatória. O trabalho, que leva o nome de um plano de desenvolvimento para a cidade de Fortaleza, mostra um corpo sufocado que se movimenta de forma incessante e contundente junto a um som metálico. A “coreografia criminosa” se posiciona diante de regras de comportamento e de esquemas de ordem e de progresso levantados por meio da censura e do medo.

HistóricoArtista da dança e do teatro, Andréia Pires atua como professora dos cursos de bacharelado e licenciatura em Dança da Universidade Federal do Ceará e do Curso Técnico em Dança (Porto Iracema das Artes). O trabalho Fortaleza 2040 emerge da pesquisa de mestrado da artista, intitulada Performances e Políticas de um Corpo Criminoso, e encontra espaço para desenvolvimento artístico no Laboratório de Dança do Porto Iracema das Artes, em Fortaleza, com interlocução de Alejandro Ahmed, do grupo Cena 11. O que fez Pires e os artistas Geane Albuquerque e Honório Félix mergulharem em um processo de criação artístico-coreográfico e realizarem uma investigação pelos movimentos de poder dos corpos nos espaços.

CRÍTICAS

A performer nos encara de costas, o que é obviamente um paradoxo. É como estar diante para não ver. A posição articula tanto uma espécie de opressão em relação à parede quanto uma marcha cega sem sair do lugar. Encarar de costas quer dizer ver o avesso. Pires é um monstro que avança contra a parede e também alguém que resiste ao avanço de uma parede-monstro de concreto.

BRUNO REIS, LabCrítica

Fortaleza 2040 é essa espécie de transe artístico, que não acontece somente diante dos meu olhos, mas que me inclui pelo simples fato de eu estar presente.  O trabalho, me parece, é o de árdua e taticamente reduzir símbolos a materiais plásticos, que, uma vez concretizados, são experimentados através de suas texturas e sobreposições incoerentes. As relações tornam-se primordialmente sensoriais para que através delas outros acessos e discursos sejam construídos. Fato é que, na alegria, no delírio e no desgosto, estamos todos juntos e ninguém se salva! Andréia Pires não tenta purificar nada, não sonha com nenhum paraíso, nem visiona qualquer futuro harmonizado. Do contrário, ela abdica da estratégia paternalista de saber mais do que a plateia e dizer como cada um deve se posicionar. Como espectador participo – logo tomo parte – dessa dramaturgia do impasse, que, justo por não tirar o corpo fora, abre buracos numa trama de poderes que quando mais representam suas forças, mais se tornam insustentáveis.

FELIPE RIBEIRO, professor do DAC/UFRJ e diretor artístico do Festival Atos de Fala

Ficha Técnica

CONCEPÇÃO E PERFORMANCE: Andréia Pires, Geane Albuquerque e Honório Félix
INTERLOCUÇÃO, ILUMINAÇÃO E INTERVENÇÃO SONORA: Alejandro Ahmed
PRODUÇÃO: Andrei Bessa
FOTOS: Renato Mangolin

ENTREVISTA
Críticas