O que mancha
Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
São Paulo/SP, 2021 | 35min | Classificação indicativa Livre
Sinopse
Neste primeiro espetáculo dirigido e dançado por Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, os dois borram os limites dentro e fora do palco. No trânsito entre os papéis de coreógrafos, diretores e dançarinos, a dupla constrói a obra a partir da vibração imbricada entre voz e movimento. A ação de produzir som e gesto ao mesmo tempo faz com que noções de dualidade, como a de humano e animal, mulher e homem e matéria viva e morta sejam desestabilizadas. Misturados um no outro, os dois mancham as fronteiras corporais e trafegam por sonoridades captadas e retrabalhadas ao vivo numa mesa de edição. Neste fluxo, investigam outras formas possíveis de comunicação e dão espaço para que duas existências possam alargar os imaginários de suas relações.
Histórico
Há dez anos, os artistas da dança Beatriz Sano e Eduardo Fukushima colaboram em trabalhos artísticos um do outro. Juntos, ministraram e dirigiram coreografias em grupo através de residências artísticas em dança em São Paulo, no Chile e em Paraty. Também codirigiram, juntamente com Isabel R. Monteiro e Júlia Rocha, a peça Imagine, contemplada pelo 23º Cultura Inglesa Festival, e desenvolveram o projeto Duas Peças para Ouvir, contemplado pelo ProAC Expresso LAB Aldir Blanc. A peça O que mancha teve seu início em 2018 junto com projeto Le Flaneur e apoio da Rolex Arts Institute. Antes de sua estreia presencial, o espetáculo foi transmitido ao vivo pela Bienal Sesc de Dança (2021). Em 2023, a dupla estreou a peça Horizonte, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. No mesmo ano, Fukushima coreografou a São Paulo Companhia de Dança e ambos irão coreografar o Balé da Cidade de São Paulo na obra Horizonte+.
FORTUNA CRÍTICA
O movimento é rasteiro, quase nunca bípede, quase nunca deitado, sempre no espaço do entre, sempre em transição, colorido por sons vocais que dão ritmo à composição e alimentam o mistério. Um outro mundo. Vento, pássaros, seres da floresta, repetições, oscilações. E os dois sempre próximos, sempre da mesma espécie.
Em O que mancha nada parece despropositado. Sano e Fukushima, bem-acompanhados de ótimas parcerias artísticas, elaboram, do universo micro ao mais amplo, possibilidades de contatos e contágios que se magnificam, propagam e não se silenciam. Este é um trabalho de fluxo, de flow. Aqui, algo continua, persiste, insiste, não se desfaz, não desaparece – preenche, ocupa, mancha, não se apaga.
Ficha Técnica
Codireção, concepção e dança: Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
Dramaturgia: Júlia Rocha
Desenho de luz e espaço cênico: Hideki Matsuka
Assistente de iluminação: Igor Sane
Operação de luz: Patrícia Savoy
Criação sonora: Miguel Caldas, Rodolphe Alexis, Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
Captação de áudio: Miguel Caldas, Rodolphe Alexis e Chico Leibholz
Adaptação de som e composição ao vivo: Chico Leibholz
Fotos: Paula Ramos, Wojciech Gałuszka, Fernando Bizan e Dany Satiko
Figurino: Beatriz Sano, Eduardo Fukushima, Júlia Rocha, Isabel Ramos Monteiro e Hideki Matsuka
Captação de vídeo: Pedro Nishi
Produção: Corpo Rastreado