Gente de Lá
Wellington Gadelha
Fortaleza/CE, 2018 | 50min | Classificação indicativa 16 anos
Sinopse
Um instante poético de denúncia e de afronta é proposto por Wellington Gadelha nesta ação cênica preta, favelada, urbana e transversal. O artista cearense parte da investigação de um corpo roleta-russa para refletir questões urgentes que vão das chacinas cotidianas na cidade de Fortaleza, no Ceará, ao massacre estrutural da população negra no país. Atravessada pelas artes visuais, a obra cria e recria as formas e os sentidos dos objetos com os quais o performer se relaciona em cena. Entre matrizes de movimentos e improvisação, cujo som encontrou no funk 150 bpm seu termômetro, o solo traz a emergência como dispositivo dramatúrgico e constrói uma corporalidade capaz de perfurar as fronteiras pré-estabelecidas para o negro na dança, repensando territórios, violências e circuitos subjetivos da segregação étnico-racial e espacial no contexto urbano. Numa encruzilhada onde vida e arte se esbarram, a performance é um exercício para um disparo e um convite à reflexão.
Alerta de gatilho: contém música alta e imagens de claustrofobia.
Histórico
Artista multidisciplinar, Wellington Gadelha desenvolve trabalhos e pesquisas na Plataforma Afrontamento. Realiza performances, videodanças, instalações e processos imersivos em arte tecnológica e arte sonora, além de integrar uma rede de coletivos com ênfase em direitos humanos, periferia e juventude negra. Com “Gente de Lá”, já se apresentou na Bienal de Dança do Ceará (Ceará), no Festival de Itacaré (Bahia), em Atos de Fala (Rio de Janeiro e Zurique), no Festival Panorama (França) e na Bienal Sesc de Dança (São Paulo).
FORTUNA CRÍTICA
O espetáculo de dança contemporânea Gente de lá, do cearense Wellington Gadelha, toca em uma ferida que sangra cotidianamente nas favelas da capital cearense, mas também em lugares à margem de outras grandes cidades brasileiras.
Wolney Batista, Diário do Nordeste
Dar um corpo à necropolítica sob o signo da periferia não é uma tarefa simples, pois demandaria o engajamento da linguagem com a experiência estética em um agenciamento total dos sentidos corporais com a materialidade da morte e da violência que marca esse território em sua subalternidade econômica. Gente de Lá, performance coreográfica criada por Wellington Gadelha, artista, ativista e morador da periferia de Fortaleza, Ceará, se lança justamente nesse desafio: dobrar a morte e deslocar seus sentidos, de modo a articular não uma representação metafórica da periferia, mas um conjunto de enviesamentos que poderíamos compreender como a singularização de um corpo-periferia.
Ficha Técnica
Criação, dramaturgia e pesquisa sonora: Wellington Gadelha
Criação audiovisual e sonorização: Priscilla Sousa
Iluminação e sonorização: Fábio Silva e Yanka Leandra
Cenografia: Wellington Gadelha e Emanuel Oliveira
Tutoria: Luiz de Abreu
Interlocutores dramatúrgicos: Leonardo França e Thereza Rocha
Produção musical: DJ Pedro Ribeiro
Produção executiva: Georgiane Carvalho
Produção: Plataforma Afrontamento
Projeto gráfico: Diogo Braga
Apoio: Rumos Itaú Cultural