Project Description

SENHORITA JULIA

direção

Katie Mitchell e Leo Warner

companhia

Schaubühne am Lehniner Platz

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ficha técnica

Autor: August Strindberg
Direção: Katie Mitchell, Leo Warner
Cenário e figurino: Alex Eales
Iluminação: Philip Gladwell
Sonoplastia: Gareth Fry, Adrienne Quartly
Música: Paul Clark
Dramaturgia: Maja Zade
Cristina: Jule Böwe
Jean: Tilman Strauß
Julia: Luise Wolfram
Dublê de Cristina: Cathlen Gawlich
Mãos de Cristina: Luise Wolfram
Câmera: Andreas Hartmann, Krzysztof Honowski
Sons: Lisa Guth e Laura Sundermann
Gravações adicionais em vídeo e voz: o grupo
Violoncelo: Chloe Miller

sinopse

Em Senhorita Julia, de August Strindberg, a aristocrática Julia envolve-se com o servo Jean na cozinha do Solar, desinibidos com a presença de Cristina, a noiva dele. Após consumarem o ato sexual, porém, os papéis entre Julia e Jean invertem-se e ele, o mais forte, convence-a a roubar dinheiro do pai. Na perspectiva cinematográfica forjada pela diretora Katie Mitchell, com o teatro Schaubühne, para o clássico de 1887, o ponto de vista narrativo altera-se, dando voz a Cristina. Mitchell e o codiretor Leo Warner, seu colaborador regular, reinventam o drama clássico com uma encenação multimídia, na qual convergem performance teatral e efeitos sonoros e filmagem ao vivo.

histórico

A encenadora britânica Katie Mitchell, nascida em 1964, conquistou reconhecimento pela combinação entre teatro e tecnologia multimídia. Foi diretora residente na Royal Shakespeare Company (1996-1998) e no Royal Court Theatre London (2000-2004) e, desde 1994, é associada ao Royal National Theatre, em Londres, onde esteve à frente de produções como As Ondas (2006),
de Virginia Woolf, Woman of Troy, de Eurípedes (2007), e Some Traces of Her (versão para
O Idiota, de Dostoievski, em 2008). Dirigiu também diversas produções de ópera e teatro na Irlanda, Dinamarca, Itália, Estados Unidos e Alemanha e trabalhou na Royal Opera House, em Copenhague; e no Salzburg Festival, na Áustria. Com o teatro Schaubühne, em Berlim, fez Senhorita Julia, The Yellow Wallpaper, Lungs e The Forbidden Zone. A apropriação de textos clássicos revela uma marca autoral na direção, que se distingue pela intensidade de emoções e pelo realismo das atuações, enquanto os atores registram imagens em tempo real no palco.
O teatro Schaubühne am Lehniner Platz foi construído em Berlim em 1928. A companhia de mesmo nome foi fundada em 1962 e comandada por Peter Stein a partir de 1970. Em 1999, o encenador Thomas Ostermeier assumiu a direção artística ao lado dos codiretores Jens Hillje e Sasha Waltz, que saiu em 2005.
http://www.schaubuehne.de

fortuna crítica

“A versão dos dois diretores britânicos é um exemplo claro de perfeita fusão entre o artesanal e o tecnológico, entre o teatro e a multimídia. É que, simultaneamente à ação teatral, filma-se e edita-se um filme ao vivo. O espectador pode ver as câmeras, a equipe técnica, os músicos, os efeitos de câmera. Vê, à sua vez, um cenário realista ambientado em uma casa sueca do século XIX, fiel ao texto do dramaturgo. Vê os técnicos e os atores manejando as câmeras, cruzando o cenário para gravar uma tomada. (…) O enfoque intimista no qual se aposta se vê totalmente apoiado pelo formato cinematográfico, o que o converte realmente em algo excepcional, já que o espectador pode ver ao mesmo tempo os pequenos detalhes captados pela câmera e as ações teatrais que ocorrem em cena”. Marion Naudin, “La Ratonera”, 2011
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“A diretora Katie Mitchell, em sua adaptação (…), realizava, através da mediação cinematográfica, uma representação teatral em que qualquer mínimo movimento expressivo facial ou corporal das atrizes e atores era captado pela retina do público. A simultaneidade entre cinema e teatro sobre o cenário propiciava uma soma do evento espetacular irrepetível, da energia que produz a copresença de atrizes, atores, espectadores, espectadoras, e essa proximidade invasiva da grande tela como sistema de amplificação do gesto e, portanto, da emoção. (…) Entretanto, uma das novidades mais relevantes era a mudança de perspectiva na dramaturgia ao contar-nos a história da Senhorita Julia pela vivência de Cristina, a cozinheira. Evidentemente, essa mudança de perspectiva introduz uma leitura humana, feminista e de classe, muito mais transgressora neste momento do que a obra original”. Afonso Becerra, “Artezblai”, 2013
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“Esta adaptação descola o texto de sua narrativa dominante, mudando sua ênfase para uma análise de perto não só de um personagem secundário – Cristiana, noiva de Jean –, mas também do meio ambiente e do meio social da peça: estes tornam-se metáforas um do outro. Inadvertidamente, o que Mitchell e Warner têm tentado é um reposicionamento do radical no olhar naturalista, que é a moeda durante a produção. (…) O tempo é manipulado diretamente na nossa frente, às vezes fluindo naturalmente, em sincronia, em outras acelerando ou desacelerando. A percepção é o aspecto mais intrigante de ‘Senhorita Julia’, à medida que nós habitamos espaços reais e psicológicos, e observarmos através da lente de um personagem. O que existe, o que é natural, o que é verdade?” Diana Damian, “Exeunt Magazine”, 2013
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“Senhorita Julia, dirigida por Katie Mitchell para o teatro Schaubühne de Berlim, é uma experiência visual – tanto pictórica e cinematográfica como teatral. O olhar é uma reminiscência das pinturas calmas e meditativas de Vilhelm Hammershoi. (…) Uma equipe de filmagem – pessoas em preto – está em todo palco e contribui para uma sensação pós-moderna. O ritmo é lento, o diálogo mínimo, a filmagem – dirigida por Leo Warner – ao vivo. A atuação parece propositalmente moderada, como se para evitar distração da bela, ambiciosa e abrangente estrutura da produção”. Kate Kellaway, “The Guardian”, 2013
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“Em uma encenação que é, a seu modo hipnótico, cineticamente cubista, o close das mãos de Cristina e outras partes semidesencarnados são fornecidas pela atriz que interpreta a senhorita Julia. Por esses meios estudadamente não naturalistas e pela mudança de perspectiva, os diretores são bem sucedidos em prover novamente um equivalente ao choque naturalista que o original infligiu nas plateias em 1888”. Paul Taylor, “The Independent”, 2013

vídeo