Encenação
Romeo Castellucci
Companhia
Socìetas Raffaello Sanzio
Ficha Técnica
Concepção e Direção Romeo Castellucci
Trilha Sonora original Scott Gibbons
Elenco Gianni Plazzi, Sergio Scarlatella, com participação de Dario Boldrini, Vito Matera e Silvano Voltolina
Assistência de Direção Giacomo Strada
Objetos Istvan Zimmermann, Giovanna Amoroso
Técnico de Som Alberto Irrera
Técnico de Luz Luciano Trebbi
Adereços Vito Matera
Gestão Gilda Biasini, Benedetta Briglia, Cosetta Nicolini, Valentina Bertolino
Administração Michela Medri, Elisa Bruno, Simona Barducci
Consultoria Econômica Massimiliano Coli
Produção Executiva Sociètas Raffaello Sanzio
Produção da turnê na América do Sul Aldo Miguel Grompone d.i.
Coordenadora de turnê Sandra Ghetti
Em coprodução com
Theater der Welt 2010
deSingel international arts campus / Antwerp
Théâtre National de Bretagne / Rennes
The National Theatre / Oslo Norway
Barbican London and SPILL Festival of Performance
Chekhov International Theatre Festival / Moscow
Holland Festival / Amsterdam;
Athens Festival
GREC 2011 Festival de Barcelona
Festival d’Avignon
International Theatre Festival DIALOG Wroclav / Poland
BITEF (Belgrade International Theatre Festival)
spielzeit”europa I Berliner Festspiele
Théâtre de la Ville–Paris
Romaeuropa Festival
Theatre festival SPIELART München (Spielmotor München e.V.)
Le-Maillon, Théâtre de Strasbourg / Scène Européenne
TAP Théâtre Auditorium de Poitiers- Scène Nationale
Peak Performances @ Montclair State-USA
Em colaboração com
Centrale Fies/Dro
Sinopse
Com um cenário que apresenta uma enorme imagem da face de Cristo, criada pelo pintor italiano Antonello da Messina (1430-1479), “Sobre o conceito de rosto no filho de Deus” desdobra-se em três cenas independentes. Na primeira, um filho cuida do pai que sofre de incontinência fecal; na segunda, crianças interagem com a figura de Cristo; já na última, a imensa imagem do filho de Deus se transforma. Criado pelo diretor italiano Romeo Castellucci, o espetáculo integra um ciclo de pesquisas cênicas dedicadas ao rosto humano.
Histórico
Criada em 1981 por Romeo Castellucci, Chiara Guidi e Claudia Castellucci, a companhia italiana Socìetas Raffaello Sanzio partilha a ideia de um teatro baseado numa dimensão predominantemente plástica e sonora. Autor e diretor do grupo, Romeo Castellucci é também responsável pela encenação, figurinos e iluminação; já Chiara Guidi tem trabalhado a parte sonora das produções, enquanto Claudia Castellucci é professora e autora de textos dramáticos e teóricos.
A Socìetas Raffaello Sanzio já produziu espetáculos que foram apresentados ao redor do mundo nos principais festivais e teatros internacionais. Entre eles, “Santa Sofia” (1986); “Orestea (una commedia organica?)” (1995); “Giulio Cesare” (1997); “Genesi” (1999) e “Voyage au bout de la nuit” (1999). Em 2002, cria a “Tragedia Endogonidia” (2002-2004), um ciclo composto por 11 episódios examinam a tragédia na realidade ocidental. Após esse trabalho de intensa participação, a Sociètas Raffaello Sanzio passa a investir em trabalhos individuais e específicos dos artistas fundadores.
Nesse período, o diretor Romeo Castellucci cria obras impactantes e premiadas, como “Inferno”, “Purgatório”, “Paraíso”, a partir da “Divina Comédia”, reconhecidas como o melhor trabalho cênico da década 2000-2010 pelo jornal Le Monde. Entre 2010 e 2011, ele embarca em um ciclo dedicado ao rosto humano, culminando em “The Minister’s Black Veil”, “History of África. Vol.II” e “Sobre o conceito de rosto no filho de Deus”. Em 2012, o ciclo dedicado à face se completa com a criação de “The Four Seasons Restaurant”.
Fortuna Crítica
A cena é uma porrada. Desferida bem no centro do rosto, naquele ponto entre os olhos que os místicos costumam julgar como do terceiro olho. O espectador fica aturdido, sem respiração, ao final dos sessenta minutos de [“Sobre o conceito de rosto no filho de Deus”], uma das emblemáticas encenações de Romeo Castellucci para a Societas Raffaello Sanzio (2010) (…) Como outras criações da companhia, também essa coloca em cena não um mero jogo teatral, mas um teorema ontológico complexo, cuja substância conceitual deve ser perquirida pelo espectador. Edelcio Mostaço. Questão de Crítica.
“Sobre o conceito de rosto no filho de Deus” é peça que se alinha com a genealogia da arte maldita e transformadora proposta por Artaud. A impressão é de ver realizado o teatro evocado pelo artista francês, que propunha o espetáculo como espaço para uma revolução não apenas estética, mas do homem e seu corpo. (…) Castellucci nos traz uma escatologia teatral em tempos nos quais questões éticas e sensíveis, relacionadas ao espírito e à religião, são substituídas pelo oportunismo violento do lucro e da sujeição humana com base na fé. (…) Transformando o teatro numa câmera de gás onde somos confrontados com o que não queremos ver, nem ouvir, nem pensar, nem cheirar. É o peso do tempo, a perda do controle sobre si, a morte, o fim… João de Ricardo. Zero Hora.
Tudo acontece sob o olhar de um Cristo redentor. Ele prevalece, irradia, não vemos nada além dele. No palco, está a reprodução da imagem do quadro “Salvator Mundi”, d’Antonello de Messine (séc. XV). Difícil resistir à fascinação daquele rosto tão dominante, tão doce: nós o contemplamos. Talvez seja Ele que nos vê e que nos julga. Frédéric Ferney. Le Bateau Livre.
Uma sugestiva proposta com atmosfera de “performance” que indaga com intensidade documental sobre a decadência e o sofrimento humanos. Um trabalho desconcertante, semeado por dúvidas, com uma religiosidade pulsante e uma estética muito poderosa, como costumam ser os espetáculos de Romeo Castellucci. Juan Ignacio García Garzón. ABC, Madrid.
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