Curadoria: Eugênio Lima, José Fernando de Azevedo e Leda Maria Martins
Discursos sobre o Não Dito é um Ciclo de Debates Internacional que propõe um debate acerca da elaboração poética, portanto política, da imagem da “negritude”, seus desdobramentos sociais históricos e seus reflexos na construção da “persona negra” no âmbito das linguagens artísticas. No momento em que a sociedade brasileira, após 12 anos de políticas de ação afirmativa relacionadas à população “afro-descendente”, interroga sobre os limites da sua representação na arte, bem como sobre as relações que a determinam, não podemos ignorar o fato de que no Brasil a escravidão é estrutural e estruturante. Como elaborar um conhecimento que leve em conta vivências/experiências do sujeito(a) negro na sua complexidade? Como lidar com o legado do Racismo Colonial? E, sobretudo em tempos de urgência, como a arte pode criar um território de diálogo acerca das coisas que precisam… ser ditas?
Os convidados são nomes decisivos do ativismo e do pensamento, no Brasil e fora. Trata-se de uma tentativa de exceder as fronteiras oficiais dos campos de conhecimento e, com isso, ver emergir visões que possam atravessar a complexidade histórica a partir da questão da condição do negro no mundo para imaginar um outro mundo.
04/03
- Mesa com os curadores Eugênio Lima, José Fernando de Azevedo e Leda Maria Martins, das 16h às 18h.
- Espetáculo Revolting Music – Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul, de Neo Muyanga, às 21h.
- Performance Poético-Política: Em Legítima Defesa, dirigida por Eugênio Lima, às 22h.
Discursos históricos serão proferidos entrelaçados a depoimentos pessoais, músicas e poesias que remetem à diáspora negra e seus desdobramentos históricos. Autorrepresentação. Quatro microfones. Atores e atrizes todos de preto. Resistir à narrativa hegemônica. Em busca de dar voz à própria história.
05/03
- Mesa com os convidados Luiz Felipe Alencastro, Ana Maria Gonçalves e Neo Muyanga (Revolting Music), das 16h às 18h.
- Espetáculo Revolting Music – Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul, de Neo Muyanga, às 21h.
06/03
- Palestra-Performance de Grada Kilomba: Descolonizando o Conhecimento, das 16h às 18h.
- Espetáculo Revolting Music – Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul, de Neo Muyanga, às 20h.
Local: CCSP – Centro Cultural São Paulo.
Performance Poético-Política: Em Legítima Defesa
04/03 – após o espetáculo | Local: CCSP – Centro Cultural São Paulo
Esta performance é uma ação contínua ao espetáculo Revolting Music – Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul; entrada sujeita à disponibilidade de lugares após a apresentação da peça.
Direção: Eugênio Lima
Ficha Técnica: Com os atores-performers: Dudu de Oliveira, Gilberto Costa, Jhonas Araujo, Junior Cabral, Renato Caetano de Jesus, Walter Baltazar, Aretha Oliveira, Luz Ribeiro, Mawusi Tulani, Nadia Bittencourt, Palomaris Mathias Manoel, Thereza Morena, Luiz Felipe Lucas e Tatiana Ribeiro.
Sinopse: Performance em que discursos históricos serão proferidos entrelaçados a depoimentos pessoais, músicas e poesias, remetendo à diáspora negra e seus desdobramentos históricos. Uma ação para resistir à narrativa hegemônica. Em busca de dar voz à própria história.
Histórico: Eugênio Lima nasceu em Recife (PE), é DJ, ator-MC, diretor, pesquisador da cultura afro-diásporica, professor de sonoplastia da Escola SP de Teatro, membro Fundador do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e da Frente 3 de Fevereiro. Diretor de Ainda Numa Terra Estranha (2014) e A Imagem Construída e Construção da Imagem (2009-2010) da companhia Os Crespos. Vencedor do prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro de melhor projeto sonoro em 2012 por Orfeu Mestiço – Uma Hip-Hópera Brasileira. Vencedor do prêmio Shell de música em 2006 por Frátria Amada Brasil – Pequeno Compêndio de Lendas Urbanas.
Descolonizando o Conhecimento: uma Palestra-Performance de Grada Kilomba
06/03, das 16h às 18h | Local: CCSP – Centro Cultural São Paulo
Entrada Franca – Retirada de ingressos com 1h de antecedência
Ficha Técnica: Criação – Grada Kilomba
*A palestra-performance será realizada em inglês.
Sinopse: Descolonizando o Conhecimento é uma palestra-performance na qual Grada Kilomba utiliza vários formatos, de textos teóricos e narrativos a vídeo e performance, a fim de transformar as configurações de poder e de conhecimento. Este projeto expõe não só a violência da produção de conhecimento clássico, mas também como essa violência é realizada em espaços acadêmicos, culturais e artísticas, que determinam tanto ‘quem pode falar’ como ‘sobre o que é que se pode falar’. Para tocar nessa ferida colonial, Grada Kilomba levanta questões relacionadas aos conceitos de raça, gênero e conhecimento – “que conhecimento é reconhecido e a quem pertence este conhecimento?”– e explora formas de produção alternativa de conhecimento.
Histórico: Grada Kilomba é uma escritora, teórica e artista interdisciplinar portuguesa, com origens em São Tomé e Príncipe e Angola. Estudou Psicologia Clínica e Psicanálise no ISPA, em Lisboa, e é doutora pela Freie Universität, em Berlim. O seu trabalho aborda memória, trauma, raça, gênero e a pós-colonialismo, e já foi traduzido em várias línguas e publicados em inúmeras antologias internacionais, além de encenado internacionalmente. Os seus projetos são especialmente conhecidos por criarem um espaço híbrido onde as fronteiras entre as linguagens acadêmicas e artísticas se dissolvem. É coeditora de “Mythen, Masken, Subjekte” e autora de “Plantation Memories”. Tem ensinado em diversas universidades internacionais. Foi professora de Estudos de Gênero e Estudos Pós-Coloniais, na Universidade de Humboldt, em Berlim.
Atualmente, Grada Kilomba é curadora no Teatro Maxim Gorki, em Berlim, onde desenvolve uma série com artistas refugiados. Também tem apresentado o seu trabalho em renomeados espaços de exibição, teatros e universidades, como o Vienna Secession Museum, Brussels Bozar Museum, London Maritime Museum, Maxim Gorki Theater, Berliner Festspiel Haus, Ballhaus Naunynstrasse, Theater Münchner Kammerspiel, universidades de Estocolmo, Amsterdã, Londres, Viena e Rio de Janeiro, entre outras.
Saiba mais em: http://gradakilomba.com