Project Description

Julia

direção e autoria

Christiane Jatahy

companhia

Cia Vértice

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ficha técnica

Direção e adaptação: Christiane Jatahy
Autor: a partir do texto Senhorita Julia, de August Strindberg
Atuações: Julia Bernat e Rodrigo dos Santos
Cenário: Marcelo Lipiani e Christiane Jatahy
Direção de arte: Marcelo Lipiani
Direção de fotografia e câmera ao vivo: Paulo Camacho
Diretor de palco: Thiago Katona
Coordenação técnica de vídeo: Felipe Norkus
Operador de som: Pedro Montano
Operador de luz: Leandro Barreto
Projeto gráfico: Radiográfico
Gestão: Nathalia Atayde
Direção de produção: Henrique Mariano
A CIA. VÉRTICE DE TEATRO é patrocinada pela Petrobras.

sinopse

Julia, adaptação da peça Senhorita Julia de August Strindberg, dá seguimento à pesquisa da diretora Christiane Jatahy. O teatro se faz cinema e as estruturas cinematográficas são expostas. Com cenas pré-gravadas e outras filmadas ao vivo, o filme será construído na presença do público
a cada dia. Uma fricção permanente entre o clássico e o contemporâneo. Entre o que pode ser
visto e o que só pode ser entrevisto na presença real do ator em cena e no enquadramento dos detalhes do cinema. O texto de Strindberg se mantém presente, atualizado pelo olhar da câmera
e pela adaptação da trama criada no século XIX, trazendo à cena questões sociais e políticas
sobre o Brasil de hoje.

histórico

Christiane Jatahy é autora e diretora de teatro e cinema, nascida em 1968, no Rio de Janeiro. Desde 1996, desenvolve uma pesquisa voltada para a exploração de novos territórios cênicos. Começou com espetáculos em espaços não convencionais, que propunham novas interações do público com a cena e, a partir de 2003, radicalizou a investigação transitando entre as fronteiras tênues da realidade e da ficção, do ator e do personagem, do aqui e agora e da cena marcada. Sempre com o objetivo de criar uma relação viva e dinâmica com o espectador. Em trabalhos recentes, inclui a linguagem audiovisual, como Conjugado, com uma videoinstalação integrada à dramaturgia da cena; Corte Seco, com câmeras de segurança revelando ao vivo o entorno do teatro e os bastidores, e com o filme A Falta que Nos Move, transposição cinematográfica a partir da peça homônima.
A Companhia Vértice foi criada para aprofundar a pesquisa de linguagem de um teatro que se articule com os procedimentos da contemporaneidade, provocando o espectador e o artista participante a gerar novas abordagens e novos pontos de vista em relação à cena. A pesquisa de linguagem da companhia transita por zonas de fronteira, tais como: a presença real do ator na cena e a referência ficcional do personagem; o real e o ficcional na dramaturgia se misturando e gerando uma terceira zona teatral; a indefinição proposital entre o território do ator e o do público; o diálogo com outras áreas artísticas; e o uso de espaços não convencionais ou uso não-convencional de espaços tradicionais. O que se pretende é abrir frestas para que o espectador colabore com o que vê, saindo da passividade receptiva para uma atividade construtiva da cena, buscando devolver ao teatro seu caráter participativo e de reflexão.
Com Julia (2011), a companhia se apresentou em festivais europeus como Kunstenfestivaldesarts (Bruxelas), Wiener Festwochen (Viena) e Temps d’Images (Paris), e recebeu o Prêmio Shell 2012 de melhor direção. E se Elas Fossem para Moscou? (2014) está indicado ao Shell nas categorias direção, inovação, atrizes e cenário.

fortuna crítica

“Bela descoberta. Contemporânea e convincente. Dupla revelação por esta Julia brasileira: uma realizadora, Christiane Jatahy, que joga habilmente com os códigos do cinema, do vídeo, do palco e do teatro. E atores que rasgam a tela e existem sobre o palco”. Christian Jade, “RTBF”
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“Com as suas estruturas transparentes, a peça Julia abre portas e dá início a associações. As vezes acabamos em um loop entre ontem e hoje, 1888 e 2013, entre filme e teatro, o épico do Brecht e o drama de Hollywood, entre Alemanha, Brasil e Suécia. Essa noite de verão brasileira no outono alemão tem um sabor de antropofagia bem convincente, que nos faz querer mais”. Esther Boldt, “Nachtkritik”, 2013
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“Em Julia, Jatahy concilia a sensualidade do teatro brasileiro, sua movimentação telúrica, com impecável acabamento formal alemão: visualmente, parece um espetáculo centroeuropeu, mas a vitalidade de Julia Bernat (…) e Rodrigo dos Santos (um Jelson moderado, mas tumultuado) são inequivocamente cariocas. Seus amores e lutas soam totalmente certos. A diretora e autora da nova versão dá voo para o conflito original: quando Julia pede a Jelson, na zaragata sexual, que diga que a quer, entendemos que o considera uma parte da sua riqueza e que necessita se sentir também dono dos sentimentos dele; e quando a cozinheiro, sua noiva, observa que se os senhores não são moralmente melhores nada justifica que eles ocupem um status inferior, produz-se no casal uma súbita consciência social”. Javier Vallejo, “El Pais”, 2013
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“O grande barato de Julia é justamente o que acontece no meio, entre uma expressão e outra. E isso só é possível quando as duas expressões convivem de verdade. Julia está muito além do uso habitual de projeções em montagens teatrais com vocação multimídia. Nossa atenção e deleite são atraídos por algo que não é bem cinema, nem é bem teatro, mas pontes entre os dois”. Carlos Alberto Mattos, “Rastros de Carmattos”, 2012
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“É pela introjeção de funções sociais e emocionais subalternas, de um lado, e do poder que sustenta preconceitos, de outro, que se define a transcrição do texto pela adaptadora e diretora. A duplicidade de imagens, cinema e teatro, conduz o olhar do espectador, ora para a representação direta, ou fragmentos dela entrevistos pelas frestas da cenografia, ora pela sua reprodução nas telas pela filmagem que se acompanha, simultaneamente. A cenografia com telas que correm, entreabrindo e encobrindo a narrativa, unifica a linguagem de mão dupla. (…) Julia Bernat e Rodrigo dos Santos têm interpretações de ímpeto físico, projetando nos personagens crescente intensidade que se desvia do dramatismo para criar um confronto, em que o distanciamento entre atração e negação se expõe numa circularidade de imagens e atuações convergentes. Um trabalho consistente de diretora em permanente inquietação”. Macksen Luiz, 2011
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“A opção por abrasileirar o conflito de classes do original, acrescentando a negritude do empregado como fator de atração e repulsa no transporte amoroso, confere ao espetáculo uma força excedente. Ela remete à dialética erótica entre sinhazinhas e escravos no Brasil colonial, descrita por Gilberto Freyre (1900-1987) em Casa Grande e Senzala. O desempenho dos atuantes é fator crucial para o êxito do projeto. Julia Bernat, como a menina-moça perdida, é uma revelação. Rodrigo dos Santos, como o serviçal astucioso e voraz, mostra-se convincente nos vários registros em que opera. ‘Julia’ atualiza um texto já clássico com singularidade e contundência, além de explorar novas possibilidades de narrativa espetacular”. Luiz Fernando Ramos, “Folha de São Paulo”, 2012

vídeo