Vale da Estranheza

TÍTULO ORIGINAL: Unheimliches Tal / Uncanny Valley

ARTISTA: Rimini Protokoll

Alemanha, 2019 |  60 min. | Classificação indicativa: LIVRE

Vale da Estranheza

8/6, às 21h

9/6, às 21h

10/6, às 17h e às 21h

11/6, às 17h e às 21h

LOCAL: Sesc Belenzinho

Sinopse

“Vale da estranheza”  é uma expressão criada pelo cientista japonês Masahiro Mori para designar, no campo da engenharia robótica, a aversão que as pessoas sentem diante de robôs muito parecidos com pessoas reais. Segundo essa hipótese, a semelhança de robôs com humanos é bem-vinda até certo ponto, a partir do qual passa a nos provocar repulsa ou medo. Nesse espetáculo do grupo Rimini Protokoll, o diretor Stefan Kaegi trabalhou com o escritor Thomas Melle na criação de um animatrônico que pretende ser uma cópia do autor. Em cena, o robô faz uma palestra sobre temas como a bipolaridade, a tecnologia e a competência das cópias para ajudar ou não os humanos. O título alude tanto ao Vale do Silício quanto à ideia freudiana de Unheimliche, o estranho que nos parece familiar. O vale é, também, o formato da curva no gráfico apresentado por Mori explicando suas ideias. No final da apresentação, o público pode se aproximar para ver de perto o robô. 

Histórico

Stefan Kaegi é autor de peças de teatro documentário, áudio-intervenções, curadorias e trabalhos no ambiente urbano em uma variedade diversificada de parcerias colaborativas. Usando pesquisas, audições públicas e processos conceituais, ele muitas vezes dá voz a “especialistas” que não são atores treinados, mas têm algo a dizer. Com Helgard Haug e Daniel Wetzel, Kaegi fundou a companhia Rimini Protokoll, que, desde o ano 2000 trabalha o teatro documentário com a ajuda da tecnologia. Na MITsp, apresentaram em 2016 o espetáculo 100% São Paulo. Em 2019, o grupo criou o espetáculo Vale da Estranheza / Uncanny Valley ao lado do escritor alemão Thomas Melle, autor, entre outras obras, de Die Welt im Rücken (O Mundo às Costas), no qual aborda, com viés autobiográfico, o transtorno bipolar.

FORTUNA CRÍTICA

“A performance é uma palestra sobre instabilidade. Ele aborda o problema do ‘vale da estranheza’, o termo do roboticista Masahiro Mori para a queda de simpatia que as pessoas percebem em objetos inanimados quando parecem quase (embora não completamente) humanos. A peça explora a própria experiência de Melle da bipolaridade como um ‘mecanismo um pouco danificado’ e a ideia de Alan Turing como ‘um computador trágico’. Melle considera a instabilidade como a característica definidora do ser humano, aprimorada pela estabilidade da máquina, enquanto a réplica do andróide representa uma prótese compensatória, ‘experimentada e recém-nascida ao mesmo tempo’. A frase lembra a crença de Mori no que ele chamou de ‘Natureza de Buda’ dos robôs.”

SAM WILLIAMS, Frieze

“São os dedos que me chamam a atenção. Mordidos e desgastados, a pele esfolada em alguns lugares, eles são incrivelmente detalhados e totalmente convincentes. Estou olhando de perto um animatrônico, ou robô, do escritor alemão Thomas Melle. O espetáculo propriamente dito – uma palestra proferida por este robô – terminou e o público foi convidado ao palco para estudar nosso ator automatizado. Parece como ver o tempo no zoológico e não consigo afastar a sensação de que esse robô de alguma forma vai acordar, estender a mão e me agarrar.”

MIRIAM GILLINSON, The Guardian

Ficha Técnica

Concepção, texto e direção: Stefan Kaegi
Texto / Corpo / Voz: Thomas Melle
Equipamento: Evi Bauer
Animatrônica: Chiscreatures Filmeffects GmbH
Fabricação e arte-final da cabeça de silicone, coloração e cabelo: Tommy Opatz
Dramaturgia: Martin Valdés-Stauber
Design de vídeo: Mikko Gaestel
Música: Nicolas Neecke
Direção de produção: Rimini Protokoll
Turnê: Epona Hamdan e Monica Ferrari
Desenho de luz / Viagem: Robert Läßig, Martin Schwemin, Lisa Eßwein
Design de som e vídeo / Viagem: Jaromir Zezula, Nikolas Neecke,Manuela Schinina
Voz da tradução simultânea: Ronaldo Lemos

Esta peça do Rimini Protokoll foi originalmente produzida pelo Münchner Kammerspiele, em coprodução com Berliner Festspiele – Immersion, donaufestival (Krems), Feodor Elutine (Moscou), FOG Triennale Milano Performing Arts (Milão), Temporada Alta – Festival de Tador de Catalunya (Girona), SPRING Utrecht.

Direitos autorais: Rowohlt Theater Verlag, Reinbek bei Hamburg

Este espetáculo é apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha e pelo Goethe-Institut São Paulo.