Há mais Futuro que Passado - Um Documentário de Ficção
ARTISTA: Complexo Duplo
Brasil, 2017 | 75 min. | Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse
Crítica à historiografia oficial e ao poder que as narrativas hegemônicas exercem sobre a nossa visão de mundo, a peça-paletra joga luz sobre a vida e a obra de importantes mulheres latino-americanas. Como numa conferência à plateia, as três atrizes apresentam uma pesquisa sobre artistas de diferentes países da América Latina, com produções dos anos 1960 aos 1980. A partir de documentos, cartas, vídeos, gravações em áudio e canções, elas questionam a predominância de nomes masculinos e europeus como personalidades de destaque. Além disso, discutem a distância entre o Brasil e os países vizinhos e como desconhecemos aquilo que foi produzido tão perto de nós. Ao longo da narrativa, o tom de palestra do elenco (que, em cena, também opera os vídeos, o som e a iluminação) dá lugar a passagens poéticas, costurando um discurso que fricciona a ficção e o documental.
Histórico
O Complexo Duplo é um núcleo de trabalho continuado, com sede na cidade do Rio de Janeiro, que tem realizado espetáculos de teatro e ações formativas desde 2010. Em 2011 e 2012, o trabalho do grupo se consolidou com a curadoria de um espaço público, o Teatro Gláucio Gill, com a Ocupação Complexo Duplo, projeto que foi indicado ao Prêmio Shell e ao Prêmio APTR na categoria especial. Desde então o coletivo realizou diversos projetos no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil. Entre os mais recentes, estão Cabeça – Um Documentário Cênico e Há Mais Futuro que Passado – Um Documentário de Ficção, em repertório desde 2016 e 2017, respectivamente. Em 2018 e 2020, o grupo realizou duas edições da Complexo Sul – Plataforma de Intercâmbio Internacional, que promove trocas artísticas entre países latino-americanos e espaços de experimentação para projetos autorias de artistas brasileiros das artes cênicas.
FORTUNA CRÍTICA
“A assertividade anda de mãos dadas com o procedimento narrativo estruturante: a troca de cartas entre personalidades notáveis (a maioria desconhecida por nós, brasileiros, consciente ou inconscientemente dissimulados quando se trata das raízes e vínculos latino-americanos). A adoção do gênero epistolar, tão fértil à literatura, torna sustentável a rede dramatúrgica sobre a qual a encenação assenta seu caminho entre os dados biográficos, os contextos históricos e o campo infinito de invenção.”
“Um dos momentos de destaque da peça é a ressignificação que a atriz Tainah Longras faz do poema-canção de Victoria Santa Cruz Negra. Como mulher negra, a atriz faz a sua releitura do poema e o público se emociona com a sua interpretação. Seu ato performativo assume, demarca e reivindica um olhar sobre si, colocando-se em diálogo com cada verso (estrofe-refrão) do poema-performance de Santa Cruz e, ao mesmo tempo, cada gesto seu também assume e demanda um ato de resistência coletivo de milhares de mulheres negras.”
Ficha Técnica
Criação: Clarisse Zarvos, Cris Larin, Daniele Avila Small, Mariana Barcelos, Tainá Nogueira e Tainah Longras
Dramaturgia: Clarisse Zarvos, Daniele Avila Small e Mariana Barcelos
Direção: Daniele Avila Small
Elenco: Clarisse Zarvos, Cris Larin e Tainah Longras
Participação em vídeo: Carolina Virgüez
Direção de produção: Fernanda Avellar
Direção de movimento: Denise Stutz
Cenografia: Elsa Romero
Iluminação: Ana Kutner
Figurino: Raquel Theo
Trilha sonora: Julia Bernat e Laura Becker
Idealização do projeto: Clarisse Zarvos e Daniele Avila Small