3ª MITsp
A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo realiza a sua terceira edição entre os dias 04 e 13 de março de 2016, em vários teatros da cidade de São Paulo, com a apresentação de dez espetáculos criados por alguns dos encenadores mais importantes da França, Polônia, África do Sul, Grécia, Bélgica, Congo, Alemanha e Brasil, acompanhados por diálogos críticos e ações pedagógicas que buscam fomentar a reflexão, estimular a formação do olhar dos espectadores e as trocas de experiências artísticas.
Idealizada por Antônio Araújo (diretor do Teatro da Vertigem e professor da ECA-USP) e Guilherme Marques (diretor geral do CIT-Ecum Centro Internacional de Teatro Ecum), desde 2014 a mostra vem trazendo ao público brasileiro parte da produção internacional contemporânea centrada na experimentação e na investigação em artes cênicas, com obras que questionam as formas e os limites da teatralidade e da performatividade, em contaminação com outras linguagens artísticas.
Em 2016, a cena contemporânea internacional e suas irradiações críticas serão abordadas em três frentes:
MOSTRA DE ESPETÁCULOS
A MITsp concentra, ao longo de dez dias, experiências cênicas de ponta na investigação de questões estéticas, éticas e políticas. Em destaque está o encenador francês Joël Pommerat, com duas obras de seu repertório. Cinderela abre a mostra com uma apropriação do conto dos irmãos Grimm que expõe o lado trágico da infância. Ça Ira, a mais recente, inspira-se no processo revolucionário de 1789 para discutir as implicações do poder, mecanismos que regem as ações dos indivíduos e a dimensão coletiva da ação política.
O polonês Krzysztof Warlikowski também investiga cenicamente o passado de seu país, especialmente a tragédia do Holocausto, em (A)polônia. Com base em textos clássicos e contemporâneos, de Ésquilo a Coetzee, coloca em questão o sacrifício e o autossacrifício. Como um mapeamento do espaço urbano no presente, o coletivo alemão Rimini Protokoll recria o projeto 100% City sob o título 100% São Paulo e reúne cem cidadãos representantes da diversidade étnica, social e cultural da população da cidade para expressar publicamente suas opiniões numa performance.
No solo A Carga, o coreógrafo e bailarino Faustin Linyekula repassa a história de violência da República Democrática do Congo em busca de um futuro possível. A música e a dança de matriz africana também se fazem presentes no show performático Revolting Music – Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul, do músico e performer Neo Muyanga, desconstruindo os hinos que povoaram a memória colonial e os lamentos que acompanharam a luta anti-apartheid da África do Sul.
A força das imagens está em STILL LIFE , espetáculo do grego Dimitris Papaioannou, mundialmente conhecido pela concepção da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas de 2004, e que associa o mito de Sísifo às condições da classe trabalhadora. Já a velhice recebe tratamento delicado e autoral do belga Josse De Pauw em An Old Monk, uma espécie de concerto dramático em que o ator-bailarino, junto de três músicos, homenageia o jazzista Thelonious Monk, associando a dança à liberdade.
Duas estreias brasileiras completam a programação. Cidade Vodu, dirigida por José Fernando de Azevedo, do grupo Teatro de Narradores, retraça o contexto político e cultural da imigração e adaptação dos haitianos no Brasil a partir do terremoto de 2010. E A Tragédia Latino-Americana, de Felipe Hirsch e dos Ultralíricos, leva ao palco fragmentos, adaptações ou parte de obras literárias contemporâneas latino-americanas.
OLHARES CRÍTICOS
Ações de reflexão crítica que mobilizam artistas, pesquisadores e críticos para potencializar o encontro entre o espectador e a obra. Nos Diálogos Transversais, pensadores do teatro e de outros campos do conhecimento expõem suas perspectivas sobre os espetáculos. No Espaço de Ensaios, pesquisadores de universidades brasileiras apresentam os procedimentos artísticos dos criadores que compõem a mostra. No Pensamento em Processo, os próprios artistas compartilham seus percursos criativos. Na Prática da Crítica integrantes da DocumentaCena – Plataforma de Crítica, do Agora e da Antro Positivo escrevem sobre os trabalhos apresentados. E nas Reflexões Estético-Políticas, convidados debatem questões éticas e estéticas do passado e do presente do teatro.
AÇÕES PEDAGÓGICAS
Intercâmbio entre artistas internacionais e brasileiros em residências artísticas, workshop, aulas e mesas de debate. As novidades deste ano são o trabalho de três semanas do diretor russo Yuri Butusov com atores locais e as aberturas de processo dos espetáculos Brasil-Polônia Encontros, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos com o diretor polonês Radoslaw Rychcik, e Laboratório Ó, do coreógrafo e bailarino Cristian Duarte.
CABARÉ
O Cabaré MITsp proporciona um ponto de encontro entre artistas e público após os espetáculos para trocas artísticas em noites descontraídas.
HISTÓRIA…
A ideia de realizar uma mostra internacional na cidade de São Paulo partiu de Antonio Araújo e Guilherme Marques no desejo de resgatarem o espírito dos históricos festivais de teatro criados e coordenados por Ruth Escobar, que foram marcantes não somente na cena paulista, mas tornaram-se referência para artistas, teóricos, pesquisadores e curadores de todo o país. A primeira edição da MITsp ocorreu entre os dias 8 e 16 de março de 2014, com produções vindas da Argentina, Chile, Uruguai, Brasil/Holanda, Turquia, Itália, Lituânia, Espanha, França e África do Sul, vistas por um total de 14.000 espectadores em nove espaços culturais da cidade. A segunda edição, realizada de 6 a 15 de março, reuniu trabalhos da Alemanha, Holanda, Suíça, Itália, Israel, Rússia, Ucrânia, Colômbia e Brasil, apresentados a um público de mais de 17.000 espectadores.