Por Matheus Lopes Quirino

Três livros sobre encenação e teatro foram lançados na última quarta-feira (7), parte do programa Olhares Críticos da 5ª MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, por meio de comentários de Rubens Machado, Allan da Rosa e Rita Aquino. Eles trataram dos temas relacionados às publicações, de questões étnicas no teatro à psique dos afetos como alternativas de pensar além dos padrões tradicionais a crítica convencional.

Os livros debatidos, com mediação do professor e crítico Patrick Pessoa, foram Afetos, relações e encontros com filmes brasileiros contemporâneos, de Denilson Lopes, O teatro negro em perspectiva: dramaturgia e cena negra no Brasil, de Marcos Alexandre, e O que pensam os curadores de Artes Cênicas, de Michele Rolim.

Apesar de três temas distintos, em alguns momentos do debate questões comuns surgiram, como o questionamento sobre o papel da arte. Por ordem, Afetos, relações e encontros com filmes brasileiros contemporâneos (Hucitec Editora, 2017) foi o primeiro livro a ser abordado.  Antes do debate, Lopes falou à reportagem do Laboratório de Jornalismo Cultural sobre o enfoque do processo central de seu livro: “Os jovens artistas que compõem meu livro representam um recorte sobre os afetos; sobre como, também, as obras de arte podem constituir formas de aproximação, e se na arte ainda há essa possibilidade”. E completou: “Também abordo como formas não processuais podem contribuir para gerar formas de vida, além das meras formas de produção, colaborativas ou não, coletivas ou não, tendo um desejo pelas formas de estar junto.  Este é o ponto de partida”.

A segunda obra a ser comentada, O teatro negro em perspectiva: dramaturgia e cena negra no Brasil e em Cuba, trouxe um tema, até então considerado novo, sobre os processos de criação e realização de performances em companhias de teatro negro. A reflexão, por sua vez, foi proferida por Allan da Rosa, escritor, historiador e angoleiro. Segundo Rosa: “É primordial compreender o corpo político negro nos campos autorais, linguísticos e políticos da performance”.

O autor, que acompanhava a divulgação de livros de outros expositores em bancas montadas pelas editoras na 5ª MITsp, sintetizou à reportagem algumas ideias acerca de sua abordagem sobre O teatro negro em perspectiva: “O livro é voltado para a questão da estética negra no teatro, depois de uma longa pesquisa, que trouxe textualidades sobre a cena negra; mapeei grupos de teatro negro do Brasil e de Cuba. É uma reunião de textos, com algumas entrevistas, para discutir o campo de atuação, olhar e da análise de espetáculos, além deste olhar dramaturgo, discuto a crítica dando ênfase em questões formais”.

No debate sobre O que pensam os curadores de Artes Cênicas, a autora e jornalista Michele Rolim analisou os bastidores do circuito artístico explorados no livro, além de desmembrar questões, fundamentalmente, críticas sobre o processo dos próprios curadores e organizadores.

Segundo Rolim: “Esse livro, sobre curadoria em festivais de artes cênicas é um material inédito fruto de quinze entrevistas. A partir da minha dissertação deste tema da curadoria tive o cuidado para abranger diferentes olhares do cenário nacional. No final das contas, percebi que a curadoria é um conceito que está em construção, não é um algo fechado e, muitas vezes na cena brasileira, o curador assume uma ‘dupla-jornada’ como coordenador de eventos, portanto ele é híbrido, atento às questões artísticas e organizacionais”.