Pensamento-em-Processo

com o diretor Rabih Mroué e os performers Lina Majdalanie e Yasser Mroué.  Mediação Pollyanna Diniz (USP)
16/03, de 10h à 12h | Local: Itaú Cultural

Diálogos Transversais

com Reginaldo Nasser
15/03, ao final da apresentação | Local: Sesc Vila Mariana

Sinopse

Rabih Mroué explora mitos, autorretratos e imagens de mártires no espetáculo Tão Pouco Tempo (2016). O que acontece com uma pessoa que reencontra suas imagens na qualidade de um mito maior do que a própria vida? E o que permanece no momento em que suas histórias são substituídas pela propaganda política? No espetáculo, a atriz Lina Majdalanie, esposa de Rabih Mroué, está em um palco todo preto, quase vazio, não fosse a mesa com as caixas contendo fotografias de um mártir. A performer fala laconicamente sobre troca de prisioneiros, restos mortais de soldados e o cadáver de Deeb Al Asmar, um mártir islâmico ficcional, para o qual foram erguidos monumentos. Nas caixas, as fotos manuseadas por Lina vão perdendo a cor, mergulhadas em um líquido. Anos depois, o mártir volta à cidade e aparece a questão: estando vivo, ainda continua ele a ser um herói? É a partir dessa situação absurda que Mroué e Lina fazem um jogo inteligente, engraçado e irônico em um estúdio de fotografia. Ao fazer a desconstrução desse personagem morto, mas depois vivo, o diretor questiona a fascinação por imagens de líderes mortos, muitas vezes mais interessantes do que quando estão vivos. Desde suas primeiras peças, Rabih Mroué perscruta a história de seu país, o Líbano, explorando os pontos de junção e atrito entre a realidade e a ficção, a história real e seus mitos, o palco e suas ilusões. Essa performance é uma tentativa de investigar a relação entre a identidade pessoal e os memoriais públicos em tempos de guerra e pós-guerra. Na criação de Tão Pouco Tempo, o artista libanês contou com a colaboração da sua parceira de longa data, a atriz, diretora e dramaturga libanesa Lina Majdalanie, com quem desenvolveu seus conceitos teatrais e trabalhou em vários projetos, como 33 RPM And A Few Seconds (2012), Photo-Romance (2009) e Biokhraphia (2002), entre outros.

Histórico

O trabalho do libanês Rabih Mroué, ator, dramaturgo e artista visual, nascido em 1967 em Beirute, se estabelece nas fronteiras do teatro, da performance e do vídeo. O artista é conhecido por sua habilidade na desconstrução de imagens que, em suas criações, se tornam narrativas de contradições. Rabih Mroué revela essas contradições ao espectador camada a camada, criando reflexos comoventes do nosso mundo, desfocando os limites entre ficção e documentário, entre imaginação e manipulação. Os conflitos no Oriente Médio, em especial no Líbano, nas últimas décadas, servem como matéria ao artista. Atualmente, Rabih Mroué reside em Berlim. É cofundador do Beirut Art Center, editor colaborador do TDR: The Drama Review (NYC) e diretor de teatro na Münchner Kammerspiele (Munique). Ele foi membro do International Research Center “Interweaving Performance Cultures”/ Freie Universität, em Berlim, nos anos de 2013 e 2014.

Ficha Técnica

Dramaturgia e direção: Rabih Mroué
Performer: Lina Majdalanie
Colaboração no Texto: Yousef Bazzie Lina Majdalanie
Cenógrafo: Samar Maakaroun
Artes Gráficas e Assistente de Direção: Abraham Zeitoun
Assistente de Pesquisa: Andrea Geissler
Tradução/Inglês: Ziad Nawfal e Joumana Seikaly
Tradução/Alemão: Karen Witthuhn
Tradução/Francês: Nada Ghosn
Tradução do Texto: Patrícia Lopes
Legendas: Yvonne Griesel
Música: Kari’atal-funjan – Abdel Halim Hafez (composta por Mouhamad Al Mouji, Letras de NizarQabbani)
Produção local de montagem: Ricardo Frayha
Equipe técnica local: Julio Cesarini, Rodrigo Campos, Rodolfo Jaquetto, Mariana Mastrocola, Fernando Zimollo
Uma produção de Rabih Mroué em coprodução com HAU Hebbel on the banks, Wiesbaden Biennale, Festival d’automne à Paris e Theater de la Bastille. Patrocinado pelo Federal Cultural Foundation.